terça-feira, 2 de julho de 2013

Aí você abre os olhos...




... dá uma olhada ao redor e com um longo suspiro percebe que é na sua casa que você está acordando. Bom, começou bem até, até, até... Pera! O que aconteceu ontem anoite? 
Essa hora, é aquela em que você senta na cama, coça a cabeça e começa a olhar pra todos os lados realizando aquele belo exercício de memoria. Daí, você se lembra que combinou com os amigos aquele esquenta pra balada, depois tomou um banho, se arrumou, postou aquele "#partiubalada" e foi pra farra.
Mais tarde, rola aquela reunião com a galera, você ali na cama se lembra de algumas risadas, flashes de memória te mostram copos na sua mão de bebidas, cada hora um de cada cor, depois em algum momento alguém disse: "Agora vamos pra bagunça?" E sua cabeça atordoada e confusa pensa se a bagunça não teria sido aquela ainda.
Chegando na festa, todo mundo eufórico, risadas, tapinhas, zoações, música alta e luz, MUITA LUZ! De todas as cores passando por todos os lados, pessoas em câmera lenta, assovios. Bem, isso é até meio "fácil" de se lembrar, algumas idas no banheiro, muitos brindes e... Putz, e depois?
Então, depois aquela pessoa que você nunca desgruda em uma festa, te disse que você estava dançando como nunca tinha visto antes, que seus pés pareciam se desgrudar da pista de dança e que gostou da sua atitude em ter conversado com aquela pessoa que você sempre gostou mas nunca teve coragem de se aproximar. Daí da sua cama você pira e dá aquele grito bizarro: "O QUE???". Sua mãe entra no quarto pensando que algo aconteceu e você não sabe se disfarça o motivo do pânico ou o cheiro da sua roupa. Situação resolvida, porta do quarto trancada e você  lembrou-se que você ainda está apenas nas lembranças e a coisa complica de verdade quando as memórias acabam.
Bem, ai você se lembra que tem um celular e desesperadamente começa a vasculhar tudo o que foi registrado no dia anterior. Ai ferrou! Como diz aquele ditado, quem procura acha, e você achou! Contatos com nomes de pessoas que você nunca viu na vida antes, como por exemplo: "Loiro do bar", "Japa da saída". Aí você vê as ligações involuntárias, uma mensagem pro ex ou pra ex, muitas chamadas não atendidas. Mas o pior mesmo, são aquelas fotos, que você não sabe de por que diabos foram tiradas, poses alucinantes, olhares sensuais,  algumas com aquela cara de doente que você nunca consegue fazer sóbrio.
Aí você tem uma ideia brilhante, ligar para aquela pessoa, lembra daquela que você não desgrudou na balada, ou pelo menos não se lembra de ter desgrudado? Então.
Você liga, e com aquela voz trémula diz um "oi, tudo bem?", e sem querer se entregar, pergunta se a pessoa gostou da noite anterior, se ela disser que foi maravilhoso e que a festa da semana que vem já está até marcada, beleza! O problema vem, se a pessoa ficar quieta por alguns segundos, ou pior ainda, mandar aquela fatal: "Você não se lembra de nada mesmo do que fez ontem?" 
Daí, sua cabeça bate lá no teto, seu coração dispara e o terror do desespero e do arrependimento começa a aparecer, e é claro que a pessoa vai te detalhar cada segundo do que aconteceu na festa pra você porque ela não vai perder a oportunidade de tirar uma com a sua cara, você é claro, não vai acreditar na maioria das coisas que ouviu, até ligar o seu lindo computador. Você já vê de cara que está marcado em pelo menos, 20 tópicos relacionados a festa, e que a galera toda já está sabendo do que você fez, nessas horas se seus pais não tem perfis na internet o medo é menor, mas enfim, te aparecem duas opções: a primeira, é entrar na dança da zoação, rir demais e fingir que nada aconteceu, ou então, a segunda opção que a grande maioria costuma usar, por a culpa em alguém, e é claro, totalmente óbvio, que a culpa vai parar em quem? Na bebida! Poxa, aquele drinque era do demônio, só poderia ter sido isso!
E ai, é piada pra contar por pelo menos um mês, isso se você não tiver subido na mesa, ter agarrado o tequileiro ou a tequileira, vomitado no garçom ou tiver tomado uma multa de trânsito, porque ai a lembrança é um pouquinho maior.  
Mas sendo otimista, digamos que na hora da ligação que você fez, a pessoa dissesse que não se lembra de nada! É claro que você não vai se entregar, e vai fazer exatamente o contrário, até porque, é muito melhor provocar no outro aquele desespero todo que você sentiu quando acordou e ouvir a pessoa se abrindo como um livro falando da noite anterior, porque isso até te ajuda a se lembrar do que fez também. Que maravilha de pessoa amiga você é, não é verdade?
Se lembrando o suficiente então, você começa a se tranquilizar um pouco, por saber que está bem, e que não perdeu a carteira, a bolsa, o celular e que seu carro ou sua moto está estacionado na garagem. Além, dos melhores dos sinais, que é ter acordado na sua cama íntegro e principalmente, sozinho!
Imagine-se, acordando numa cama que não é a sua e que ela não seja a de um hospital né? Pior ainda, você dá aquela giradinha pro lado e tem alguém dormindo do seu lado! Daí não se sabe se o que é pior, que a pessoa seja conhecida ou não. Se for, você não saberá mais onde enfiar a cara quando vê-la novamente, se não for, com certeza você entrará em pânico, juntará suas coisas e sairá correndo, alucinadamente, mais ou menos como acontece na TV.
Mas, calma, calma, calma. Você coça o olho de novo e se dá conta que aquilo tudo era um sonho de bebedeira, que só tem um balde "usado" do lado da sua cama e que ainda são sete da manhã e que claro, você como pessoa bem responsável, se lembra exatamente de tudo o que aconteceu na noite anterior e que foi uma ótima socialização com os amigos e que aquela noite apenas se transformou num álbum de fotos no Facebook.
Aí você olha pra cima, agradece imensamente por ter sido um sonho e promete nunca mais beber como na noite anterior, mas é claro, que você já fez essa promessa umas duzentas vezes e sabe, bem lá no fundo, que no próximo fim de semana acontecerá tudo de novo!
Agora olha que engraçado, semana que vem é feriado prolongado e você se lembrou que aquela viagem que você pagou por meses está chegando! Então você abaixa a cabeça, dá um sorriso debochado, suspira fundo, deita na cama de novo e se rende dizendo: "Que culpa eu tenho por ser feliz?"

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