sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Imortal.






Ele não cantava, não dançava, não declamava poesias, muito menos se aproximava. Apenas amava. E amando, aprendeu a escrever, escrever em silêncio, e naqueles pedaços de papel fazia o lápis dizer tudo o que sua boca não conseguia. Dia após dia, textos, poemas, poesias, crônicas e devaneios. Era isso que o fazia sobreviver para não morrer de amor. Mal sabia ele, que corações esperavam suas canções, suas rimas, seus labirintos de palavras e a paz, que só ele transmitia.
Um dia, sentiu saciedade, e decidiu abrir os cadeados dos portões de seus pensamentos. Mostrou para o mundo todo o seu potencial, e descobriu, que mesmo não fazendo nada do que as pessoas de destaque faziam, se tornou muito melhor do que elas, pois, enquanto todas elas faziam de tudo para alcançar o que os outros queriam que elas fossem, ele  fez diferente. Foi superior a todos com a capacidade, a coragem e a simplicidade de ser ele mesmo.
Percebeu assim, que não tinha que ser o que os outros queriam, da forma e no momento delas, mas no dele. Respeitando seu crescimento, seu amadurecimento, mas acima de tudo, a hora da sua liberdade. Descubriu que só é aprisionado, quem se permite. E apenas em silêncio conseguiu mais do que isso, conseguiu aprisionar a todos os seus algózes.
Vendo que isso era bom, partiu, partiu para se redescobrir, para reaprender tudo de novo, para viver as mesmas coisas de formas diferentes. Foi para onde seu nariz apontava, foi em frente, confiante, paciente.
E paciente, viveu um dia de cada vez, percebeu que atropelando as oportunidades, perdia todas as possibilidades de viver o todo. E querendo ser um todo para ele mesmo, foi feliz. Feliz em saber que ainda há bondade nos corações, esperança nos olhares, e milhares e milhares de lágrimas secando nos rostos, secando não de cansaço, dor ou qualquer outro sentimento de derrota, mas secando de vitória, libertação do mal, não do mal do corpo, mas do mal da alma.
E livre, mas em uma liberdade tão grande a ponto de libertar-se de si mesmo, se imortalizou. Pois imortais, são aqueles que fazem ao menos uma coisa notável no mundo.
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Paulo Victor Clariano.

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