segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Sobrevida.




De madrugada em madrugada eu vou vivendo, me alimentando de luzes da cidade, do luar, das estrelas e do seu olhar.
E sentindo o silêncio gritar dentro do meu peito, eu fico aqui.
Tem cadeira, tem mesa, tem palavras, e tem inspiração, a inspiração da noite é sempre a melhor.
Mas alguma coisa falta, não é falta de bebida, de comida, de calor, de refresco, nada que sacie o corpo.
Falta paz, aquela paz que já não há em meu coração ha muito tempo, tempo esse que me fez esquecer o que me fazia viver.
Deu vontade de sentir de novo, deu vontade de errar tudo outra vez, mas deu saudade de dessa vez arriscar, fazer e sentir.
Se arrependimento matasse tenho certeza que já estaria vivo a muito tempo.
Não tive coragem de me assumir, de me desculpar, de ser fraco. Preferi os sentimentos pequenos, a vergonha, o rancor, o orgulho e o medo. Medo de gritar pra todo mundo que o que eu queria era justamente, o motivo da piada deles. 
E sentindo pela metade, vivendo sem o meu coração, pensando sem a minha cabeça, eu fiquei e você foi. Foi gentil, foi amável, foi sincera, foi companheira, foi fiel, foi perfeita, foi mais do que eu merecia, foi se cansando, foi desistindo, foi se entristecendo, foi, foi, foi e se foi.
Adoraria dizer que ainda dá tempo de recuperar tudo o que eu fui incapaz de realizar, mas hoje o verbo pertence a você.
Queria mostrar que me arrependi, mas o perdão pertence a você.  
Me restou então, dizer que te amo e, é claro que ele pertence a você, mas bate dentro do meu peito!
E dia após dia por aqui, tudo vem se repetindo, a repetição da espera, para recomeçar tudo de novo.
De madrugada em madrugada eu vou... Sobrevivendo.
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[Paulo Victor Clariano]

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